Depoimento dado para a página da peça Uma Ilíada sobre o processo de criação do figurino de Uma Ilíada 
"Quando o Bruce me convidou para assinar o figurino, ele já tinha uma ideia na cabeça sobre o que ele queria vestir, que tentei seguir até o ultimo momento mas não consegui! Foi mais forte que eu, e levei para ele algo totalmente diferente. Bruce queria que eu me inspirasse na primeira roupa do mundo. Era uma camisa com uma modelagem arcaica, claro, e muito rasgada, manchada. Entendi ali que ele queria algo primitivo, mas ao mesmo tempo atemporal, já que no modelo em questão cabiam esses adjetivos.
Mas muitas perguntas rodeavam minha cabeça durante os ensaios. A peça fala de uma guerra, ou de várias, ou de todas, mas que guerra é essa? No que elas se diferenciam e no que elas se igualam? Quem está contando essa história e por quê? A morte é o elo entre todas as guerras feitas pelo homem. Esse homem, de carne, osso. De sangue e tripas! É o que há dentro de Homero, dentro de Aquiles, dentro do Bruce! É o elo entre o poeta, o guerreiro, o ator. Independentemente da ideologia, cor, sexo, época de cada um, o que une todos os homens é a morte.
E foi isso que quis passar com esse figurino. Com o vermelho quente do sangue, o preto da morte e o bordado que remete as tripas, o homem sensível, o homem entre a vida e a morte. O homem na linha de batalha, o homem em cima do palco. O homem de ontem, de hoje, o homem de sempre: por dentro e em carne viva. O homem que sangra."

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